REALTIMESiegfried A. Fruhauf, 2002 Austria,
EXP , 00:04:30 , COLTudo aquilo que o cinema é pode ser reduzido a dois elementos: luz e movimento(proporcionalmente estruturado). E existem muitas respostas possíveis para a questão de saber o que a luz e o movimento proporcional de facto são. Em Realtime, Siegfried Fruhauf decidiu-se pela resposta mais simples, resumindo-a da forma mais inequivocamente simbólica, e literalmente, mais iluminada: o sol. A luz do sol é o único tipo de luz usado para iluminar o ecrã em Realtime. E o pôr do sol filmado em Realtime é a única forma de movimento discernível - o que nos faz perceber que todo o movimento, no cinema e no cosmos, é temporal. Tudo o resto no cinema é discutível, tal como o espaço indefinido entre a expectativa (justificável) e a satisfação (efectiva), que é conhecida como suspense. Depois do arco eléctrico em movimento no ecrã se revelar como sendo um corpo celeste, temos todas as razões para acreditar que continuará o seu movimento para a frente numa órbita absolutamente constante. Ao mesmo tempo, perguntamos avidamente em que ponto (e/ou através de que pontos) o realizador retirará o seu olhar dele. Ou a banda sonora, que também é um assunto arbitrário, e que é chamada música no mais arbitrário dos casos. O movimento irreversível do protagonista de Fruhauf é acompanhado pelo ritmo de uma canção pop modificada de forma lúdica - o contador absoluto fica subordinado a um movimento de duração subjectiva. Realtime reduz as possibilidades disponíveis do cinema ao seu zero absoluto - e deixa entrever o que pode ser re-imaginado a partir deste ponto (e até à eternidade). (Robert Buchschwenter)