Um polícia de trânsito despromovido a taxista é uma associação primária na cadeia de poder que surgiu por mero acaso. Contudo, não foi tanto a existência de tal pretexto nessa altura, muito antes da perestroika, que se figurou despropositado - trata-se, sim, de focar o mundo interior de um homem, para quem a perda de poder foi uma catástrofe de injustiça. Sokurov mostra com compaixão a dolorosa eliminação do sentido da vida para este personagem, ao representar - apesar de aqui ser muito mais insignificante - o mesmo sistema de poder que ordenou a destriução dos filmes de Sokurov, proibindo-o de os mostrar e de continuar a trabalhar como realizador de cinema.