“Este primeiro filme aborda as ligações entre o imaginário e a realidade objectiva. O filme começa e acaba dentro da realidade. Pelo meio, a imaginação, que é apresentada na forma de sonho, intervém. Toma conta de um incidente particular e atribuí-lhe uma importância considerável e por fim toma o produto das suas viagens e inscreve-o na realidade. A personagem principal não é vítima de alucinações, pelo contrário, ela é destruída por uma acção imaginária. Este desenvolvimento não segue uma função lógica em qualquer realidade conhecida, mas é uma necessidade, um destino formado como a lógica do próprio filme. Assim, o todo formal é em si a realidade e o sentido do filme. É uma criação que pega em elementos da realidade: pessoas, lugares e objectos – que são dispostos de forma a produzir uma nova realidade, un novo contexto que os define de acordo com a função que ocupam. Por isso eles não são símbolos na medida em que se referem a qualquer sentido ou valor exterior ao filme. São imagens onde o valor e o significado são definidos e limitados à função que têm no filme.” Art in Cinema, San Francisco Museum of Art, 1947.