Romance Noir é uma nostálgica flânerie impressionada em super8. Ela desenha os seus labirintos em Roma, cidade de que gosta como de nenhuma outra, e caminha como se não pudesse fazer outra coisa, às vezes lúcida, outras sonâmbula. Ela não tem casa, procura ainda, e sabe que a única forma de afastar os demónios parece ser a de aproximá-los e de confundir-se com eles. Importa dizer que sou eu e que entrelaço as minhas memórias com outras que não me pertencem? Que gosto de começar as frases por ‘ela’ como se escrevesse sobre outra pessoa? Que quando era pequena também via fantasmas e agora que suplico que voltem como antes, estes transmigram sob formas que já não reconheço? Que baste que este seja apenas o meu film noir e, a seu modo, um pequeno espaço de liberdade. Afinal, como escreve Novalis nos seus Fragmentos, estamos sós com tudo aquilo que amamos.