Tal como com muitos outros filmes de Sokurov, este filme tem duas datas: a primeira é a da sua criação (o filme foi banido) e a segunda é a do lançamento e exibição pública legal. O filme é composto exclusivamente por imagens de arquivo alemãs e soviéticas do final da Segunda Guerra Mundial. Mas este material não é amalgamado apenas para ser um panorama em larga escala dos crimes de guerra Nazis, apresentando também uma perspectiva geral do panorama histórico da época depois da catástrofe. Sokurov assinala o aspecto psicológico, mostrando os criminosos também como vítimas dos seus crimes: a execução dos generais de Hitler, o triste desespero de um Hitler vencido, a vergonha da multidão habituada apenas a ser arregimentada, a vergonha da nação. Aqui, Sokurov faz uma comparação não declarada com a história do seu próprio país que saíu vitorioso face a Hitler mas que ao mesmo tempo tinha criado o seu próprio ditador, Stalin. As imagens de arquivo estão numeradas e as datas em ambos os lados dos frames denotam os anos das mortes de Hitler e Stalin (1945 e 1953, respectivamente). “Queria fazer este filme nos anos 60. Tinha ficado muito impressionado pela visão do fascismo de Mikhail Romm. Mas mais do que um filme político, no fim trata-se de um filme musical, de uma série de documentos postos em movimento e acompanhados por Bach, Penderecki e Cherubini.” (Alexander Sokurov) O estilo único de Alexander Sokurov tem sido apreciado pelo seu esplendor visual, intensidade hermética e sentido suspenso do tempo. Com mais de 30 longas metragens, documentários e curtas, Sokurov tem dedicado a sua vida à busca pessoal de uma linguagem cinematográfica que comunique os fundamentos da experiência humana. Desde a sua primeira longa metragem, “The Lonely Voice Of Man”, 1978 (o seu projecto de graduação na Escola de Cinema de Moscovo), que Sokurov se tem afirmado como um guionista e director extraordinariamente prolífico e pioneiro. Com especial destaqe para as suas longas metragens, (“Mother And Son”, “Moloch”, “Russian Ark”, “Father And Son”, “The Sun”, “Alexandra”, para referir apenas algumas) que têm atingido públicos do mundo inteiro e conquistado elogios críticos e pelo caminho, ganho prémios importantes no circuito dos festivais. Sokurov é talvez mais conhecido pela sua extraordinária obra-prima "Russian Ark” (2002) – uma viagem única através do tempo e da história da Rússia. É a única longa metragem totalmente sem cortes e filmada num único take. Todo o filme foi filmado num único dia, numa única sessão e numa única sequência de Steadicam. Em 2007, o mais recente filme de Sokurov, “Alexandra”, foi a sua quarta longa metragem a abrir a competição do Festival de Cannes.