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2010 - BARALHA - CASAS FANTASMA

BARALHA - CASAS FANTASMA

André Príncipe

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2010

 · 

Portugal

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DOC

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27

'

Músicas, danças, guitarras, festas de cinco dias, mulheres de olhos fundos que adivinham o futuro, línguas que ninguém sabe, vida livre e nómada, carroças e cavalos.Barracas, tiros, facas, tráfico de droga, contrabando, pólos da lacoste falsos, carros a cair de velhos, piolhos, sujidade, preguiçosos, mentiras.Fui para a Baralha sem grandes ideias acerca das imagens que queria fazer. fui com disponibilidade para filmar o que me aparecesse. A Diane Arbus dizia que a fotografia era uma desculpa para entrar nas casas das pessoas. na Baralha, não são precisas desculpas para entrar na casa das pessoas. as portas e as janelas estão quase sempre abertas ou entreabertas. Ainda está por inventar a câmara que possa roubar a alma aos ciganos. ou a sua diginidade. a indiferença sábia com que se deixam fotografar. Não sei se foi por ter sido a primeira vez que filmei com uma câmara digital ou se foi por ter sido a Baralha, mas alguma coisa me fez sentir que tudo aquilo que eu filmava estava a desaparecer. tudo aquilo a que apontava a câmara, no ritmo dos dias da Baralha, em que tudo e nada acontece, ia já desaparecendo.Um homem senta-se numa cadeira em frente a um amontoado de tijolos, que deveria ser uma casa. fica a olhar o vazio. coloco o meu tripé, ligo o microfone e filmo-o durante uns minutos até que ele se levanta e parte. páro a gravação e sem mover o tripé - por insegurança, por não conheçer bem a câmara, que é nova - vou verificar se a imagem ficou bem gravada. carrego no play e vejo o homem sentado, em frente á casa, ausente. enquanto vejo o plano, vou olhando em frente, para os tijolos, e já não está lá ninguém. pássa uma brisa, que abana todas as árvores á volta. Cenas como esta repetem-se algumas vezes. Enquanto filmo, em planos longos, a luz muda totalmente, o vento pára e recomeça.Não estou habitado a câmaras digitais. intimida-me a presença do botão com um caixote de lixo que diz apaga. tenho medo de carregar no botão e sem querer apagar tudo. muitas vezes tenho a sensação que ao filmar a Baralha, estou a apagá-la. que tudo está a desaparecer. tenho a sensação que estou a filmar o passado. é como um sonho. que fazemos aqui a filmar estas casas, estas pessoas? será que é verdade a sensação que tenho, e as imagens que fizémos vão ajudar estas casas a desaparecer, e outras a serem construidas no seu lugar? não sei se já tudo é passado. acho que aquele homem vai para sempre pegar numa cadeira e sentar-se em frente a uma casa, com o olhar vazio.André Príncipe

 

[DIR]

André Príncipe
André Príncipe

 no Curtas

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