A construção das imagens de “Coming Attractions” é tecida à volta da ideia de que existe uma relação profunda entre os primórdios do cinema e os filmes vanguardistas. Tom Gunning foi um dos primeiros a descrever e investigar esta ideia de forma sistemática e metódica no seu conhecido e citado ensaio: “An Unseen Energy Swallows Space: The Space in Early Film and Its Relation to American Avant-Garde Film” (em: John L. Fell [ed.], Film Before Griffith, Berkeley 1983). “Coming Attractions” também se debruça sobre o conceito de “Cinema de Atracções” de Gunning. Este termo é usado para descrever a relação completamente diferente entre o actor, a câmara e o público que encontramos nos primórdios do cinema em geral, por oposição ao ‘cinema moderno’ que se desenvolveu após 1910 e que gradualmente levou à técnica narrativa de D.W.Griffith. A ideia de um ‘Cinema de Atracções’ está ligada ao carácter exibicionista desse cinema, o mostrar e revelar despreocupado das suas possibilidades criativas e a sua abordagem directa ao público. Em algum momento ocorreu-me que um outro resíduo do cinema de atracções se encontra na publicidade: aqui também é comum vermos uma relação extraordinariamente directa entre actor, câmara e público. O ímpeto para fazer “Coming Attractions” foi juntar os três: anúncios publicitários, primórdios do cinema e cinema de vanguarda. (P. Tscherkassky)