O cinema romeno tem estado em grande destaque nos principais festivais de todo o mundo. Essa escola tem, por isso, sido dominante no panorama do cinema contemporâneo, demonstrando uma unidade assinalável que tem encontrado uma audiência interessada. Este cinema está ancorado numa forte ideia de realidade, construindo histórias de pessoas comuns num mundo globalizado e atormentado. Para além disso, há uma óbvia ligação com uma História que ainda assombra o presente de um país que foi, até há poucos anos, uma ditadura comunista. Corneliu Porumboiu, jovem cineasta de 36 anos, é um desses exemplos de um cinema austero no meios, mas com uma diversidade de olhares surpreendente. Porumboiu é um realizador made in Cannes, desde que a sua segunda curta-metragem, A Trip to the City (2003), surpreendeu o Festival em 2003 (e de onde saiu com o 2.º Lugar do Prémio Cinefondation). Um ano mais tarde, apresentou a curta-metragem Liviu's Dream (2004), com a qual venceu um prémio no Toronto International Film Festival. O realizador romeno estudou realização na universidade estatal de Cinema e Teatro, em Bucareste, onde – para além de A Trip to the City – realizou a sua curta-metragem de estreia, em 2002: Gone With the Wine. Como filho de Cannes, entrou, em 2005, numa residência artística do Festival. Um ano mais tarde, estreava também lá a sua estreia na longa-metragem 12:08 East Of Bucharest. O filme venceu o Camera D’Or da Quinzena dos Realizadores e o Label Europe, um importante prémio de distribuição. Com esta obra venceu mais de 20 prémios em festivais de todo o mundo e foi distribuído em mais de 30 países. Portugal foi um deles. A sua última obra é Police, Adjective, realizado em 2009. Com ela, vence o Prémio do Júri e o Prémio FIPRESCI também no Festival de Cannes e é criticamente aplaudido por todo o mundo, entrando em várias listas dos melhores do ano. O cinema de Porumboiu é marcado por uma vontade realista de contar histórias sobre personagens que enfrentam um novo mundo caótico. Misturam esse realidade superficial com uma análise histórica e política da Roménia actual, através de um certo cómico nonsense. O Curtas Vila do Conde mostrará, na sua próxima edição, uma retrospectiva deste autor romeno, exibindo todas as suas obras: três curtas-metragens e duas longas. O realizador estará presente no Festival e apresentará também uma masterclass. Esta retrospectiva concretiza a importância do cinema romeno a nível mundial, mas também a recente relevância no Curtas: nos últimos dois anos, dois dos principais prémios foram para filmes romenos (Colivia, de Adrian Sitaru, em 2010; Renovare, de Paul Negoescu, em 2009).