3D!!!! Nas curtas-metragens de Virgil Widrich, o extraordinário processo de produção tem sempre um papel central. “Copy Shop” (2001), que era construída a partir de milhares de fotocópias, foi igualmente destacada pela história – e rapidamente arrecadou uma nomeação ao Óscar. Entretanto, “Fast Film” (2003) revelava uma enorme complexidade, quer em termos narrativos, quer na técnica de produção. Milhares de fotogramas em película foram fotocopiados individualmente para papel, resultando em imagens coesas que foram depois dobradas para se parecerem com objetos em origami, posteriormente fotografadas e animadas para contar a história do filme. Com “Backtrack”, Widrich junta-se agora a Ken Jacobs, um dos poucos e seletos pioneiros de cinema com imagens de arquivo em 3D. “Back Track” é uma atração de brilhantismo técnico, que envolve uma história altamente complexa feita a partir de imagens e sons retirados de mais de 25 longas-metragens. Espreitamos para um espaço de ecrãs flutuantes, que se sobrepõem no alto e obrigados a deslizarem uns sobre os outros. Múltiplas cenas de arquivo são projetadas ao mesmo tempo sobre sete painéis de vidro móveis semitransparentes, enquanto uma câmara guiada por um computador as fotografa fotograma a fotograma, transpondo o conjunto de imagens para um espetáculo tridimensional. Simultaneamente, uma miríade de adereços cuidadosamente construídos introduzem componentes analógicos que rodopiam sobre tudo isto digitalmente. A história é discretamente integrada, narrada por uma voz-off, inteiramente comprometida com a tradição do film noir para que “Back Track” evidentemente remete: uma mulher; vários homens (um escritor, um mulherengo, um criminoso?), todos eles irremediavelmente sob os encantos de uma espécie de mulher sereia. Todos eles acabarão por se encontrar numa casa cheia de espelhos onde o tempo parece ter parado, uma cena que culminará num confronto que resultará em três mortos e num narrador perplexo: “Quanto mais vemos, menos sabemos”. “Back Track” é a mais recente demonstração de talento de um dos mais inventivos realizadores austríacos, cujas engenhosas e complexas ideias constituem sempre uma renovada fonte de prazer. (Peter Tscherkassky)