Apesar de se assumir como um filme norte-americano independente e daí não ter que seguir, necessariamente, qualquer padrão demasiado formal, esta curta de Zia Anger acaba por constituir uma verdadeira crítica ao seu próprio género. Evidentemente que o que se passa no filme – não querendo estragar a surpresa – tem a ver com a escolha do título, mas, dado que a realizadora é ainda bastante jovem, tudo se torna ainda mais estranho. Duas partes, dois ‘sketches’, nos quais ZA assume intencionalmente até um certo escárnio em relação a um género de filmes plenos de auto-motivação, demasiado centrados, e propõe-nos, ao invés, um jogo psicológico situado entre o desabafo sobre as questões do quase profissionalismo do mundo do cinema independente e a surpresa do desfecho de cada parte e das personagens principais que, afinal, desempenham o seu último filme. Um jogo que se situa, também, na perceção dos diferentes níveis em que se situam as personagens, atrizes que falam de si como na primeira pessoa, dos meandros do seu ofício, como se de um falso-documentário tipicamente “art film” se tratasse. E, no entanto, subsiste a surpresa… (MM)