O ponto de partida para este filme é uma fotografia do final do séc. XIX, época em que o cinema tinha sido inventado e as imagens adquiriram movimento. Siegfried Fruhauf, partindo da duplicação dessa fotografia e da sua manipulação, cria precisamente a ilusão de movimento, fazendo uma viagem temporal entre a fotografia e o cinema, entre o analógico e o digital, ao mesmo tempo que transforma uma imagem contemplativa de uma paisagem numa imagem dinâmica e abstrata, que interpela e choca o espetador. Fruhauf é um dos mais inovadores representantes, na nova geração, da tradição estruturalista do cinema de vanguarda austríaco, e tem tido uma presença regular no Curtas Vila do Conde, que já mostrou cerca de duas dezenas das suas obras ao longo dos anos. Para lá de vários filmes em competição ou em programas especiais – “Exposed” (2001), “Bled” (2008), “Night Sweat” (2008), “Ground Control” (2009), “Tranquility” (2011) ou “Schwere Augen” (2012) –, Fruhauf esteve em particular destaque no 13º Curtas Vila do Conde em 2005, com a exposição “Film Dissolution” apresentada na Solar – Galeria de Arte Cinemática, acompanhada de uma mostra paralela de alguns dos seus trabalhos. (MD)