Recém-laureado com uma Menção Especial do Júri no último Festival de Cinema de Cannes, “A Moça que dançou com o Diabo” recupera uma lenda popular do interior de São Paulo, contada de forma oral há mais de cem anos: uma adolescente que é proibida pela família de participar num baile desobedece às ordens e acaba a dançar nesse mesmo baile com o Diabo. A adaptação – com um final surpreendente – à metrópole brasileira atual centra-se numa rapariga urbana que vive um conflito entre a sua família extremamente religiosa e a sua necessidade de emancipação pautada pelas descobertas da adolescência. De forma simbólica, mais do que uma mera história fantástica, esta curta acaba por trazer para o debate público a complexa questão do conservadorismo e fanatismo religioso que se vive no Brasil atual. Este é o segundo filme de João Paulo Miranda Maria exibido no Curtas Vila do Conde, onde, no ano passado, apresentou “Command Action”. (PC)