Limbo, segundo a teologia da igreja católica, é um termo que pode ter dois significados: um estado incerto entre a vida e a morte, ou o lugar fora dos limites do céu onde reside um estado de felicidade natural reservada às crianças que morrem sem terem sido batizadas. O filme “Limbo” tem lugar numa povoação suspensa entre as nuvens e a água onde existem 12 crianças. É neste sítio que um misterioso rapaz albino e uma baleia dão à costa. Konstantina Kotzamani, que vê nesta edição do Curtas dois filmes seus a concurso (ver “Yellow Fieber” na Competição Internacional 7) após ter exibido em 2015 o filme “Washingtonia”, também na competição internacional, orquestra primorosamente em “Limbo” uma alegoria repleta de suspense, manipulando ícones e imagética enraizados subliminarmente no imaginário popular e religioso – é exemplo disso o paralelismo com as passagens do antigo e novo testamento, a articulação dos números 1 e 12, a composição do quadro ou a posição dos corpos... - envolvendo o espectador numa sucessão de imagens sublimes e assombrosas, para um filme de uma solenidade implacável. (SR)