Simon é um recém-licenciado americano de visita a Paris, em férias. Atormentado por uma relação anterior, percorre sozinho as ruas, os museus e os cinemas da cidade, à procura de uma ligação com alguém. Intrigado e entusiasmado com o anonimato que uma cidade desta dimensão lhe proporciona, como acontece na internet, e com a possibilidade de um novo recomeço, aventura-se sem amarras sociais. É num passeio noturno que encontra num bar Victoria, uma jovem prostituta com quem vai iniciar, de forma trémula, um novo relacionamento. Ao mesmo tempo que a câmara se move lentamente para revelar novos elementos dentro de cada plano, Simon vai dando a conhecer elementos preocupantes da sua personalidade. Se, no princípio, parece simpático e bem-intencionado, à medida que o filme avança, cresce a ambiguidade sobre o seu comportamento. Simon não consegue desprender-se de uma escuridão interior que carrega e ofusca os seus sentimentos, afetando a sua relação com Victoria. Como um animal ferido e potencialmente perigoso, Simon tanto procura os afetos e a atenção das pessoas que encontra, como se afasta perante a hipótese de intimidade. É esta dualidade, a que Antonio Campos regressa depois de “Afterschool”, que acrescida de uma claustrofobia emocional, sustem a tensão do filme até ao fim. (JA)