Em “SFR”, Christian Keathley investiga algumas das suas memórias cinéfilas mais antigas. Não se trata, porém, de um exercício narcísico em que o autor afirma a precocidade dos seus conhecimentos cinematográficos. Pelo contrário, Keathley tenta deslindar algumas confusões que acompanham tipicamente, na infância, a descoberta do mundo através do cinema. Partindo do filme de piratas “Swiss Family Robinson” (Ken Annakin, 1960), visto repetidamente aquando da sua reposição em 1972, conta-nos como, durante vários anos, confundiu alguns dos atores com outras figuras públicas americanas. O exemplo mais rocambolesco é o que o levou a confundir o político americano S. I. Hayakawa com Sessue Hayakawa a estrela do cinema mudo de ascendência japonesa que, em final de carreira, interpretou o vilão de “Swiss Family Robinson”. “SFR” recorda estas memórias com humor e nostalgia, quase parecendo lamentar a perda de um período biográfico, provavelmente familiar a muitos de nós, em que a vida e o cinema insistiam em misturar-se. (TB)