Este é um retrato cáustico, simultaneamente feroz e subtil, da família americana como centro da sociedade, que apresenta a mesa de jantar como derradeiro palco de teatro, como um palco de guerra. Um jantar é o pretexto para uma provocação à apatia dos seus elementos, reféns da análise de Antonio Campos, nesta casa onde o teto ameaça literalmente ruir sobre as personagens. Logo na primeira cena, o filho mais novo suicida-se com um tiro, à mesa, e o relógio recua 15 minutos, a duração do filme, para vermos em tempo real o que aconteceu nesses últimos momentos. As personagens são apresentadas através de pequenas vinhetas, onde uma legenda informa-nos sobre quanto ganham por ano, quanto gastam por mês, e a dívida acumulada que possuem. A partir dessa hierarquia invisível, mas que, sempre presente, comanda a ação, as interações entre personagens são contaminadas. Acima de tudo, apresenta-se um destino provável para o membro mais novo da família, refletido nas diferentes pessoas sentadas à mesa. (JA)