Em estilo contemplativo, observamos esculturas tridimensionais. Estes objetos, vistos pelo cinema, adquirem propriedades quase metafísicas. Fazem lembrar, num primeiro momento, as superfícies áridas dos planetas que nos circundam. Ou então, pedaços de matéria que poderia compor qualquer cenário pós-apocalíptico. Na verdade, Manuela de Laborde emprega esculturas-adereço, moldadas pela própria artista e muito pequenas (do tamanho de uma mão). Estas esculturas são filmadas como existentes num não-espaço, apenas filtradas pelas diferentes luzes e pelo som, criando atmosferas que provocam um efeito de estranheza no espectador. Esta é a estreia da cineasta mexicana Manuela de Laborde no Curtas Vila do Conde, cujas obras experimentais procuram dar a ver formas que confrontam o espectador com as suas habituais imagens do cinema e que estão na interseção entre o micro e a escala cósmica, como este "As Without So Within" o mostra de forma clara. (DR)