De Dacar, atual capital do Senegal, a Saint-Louis, que foi a primeira cidade capital daquele país africano até 1902, são 256 km de viagem, que sete passageiros fazem, por razões diferentes, na velha carrinha do sr. Sall, taxista de profissão. É na sua companhia que a franco-senegalesa Dyana Gaye nos propõe passar os 50 minutos de "Un Transport en commun", filme exemplar do potencial de liberdade que o formato curto possibilita. Primeiro, pela consciência de que dura o tempo exato para contar a sua história, sem a esticar desnecessariamente nem deixar nada por dizer. Depois, pela forma escolhida – o filme musical moderno, onde as canções não são meros intervalos mas contribuem, comentam e fazem avançar a ação. Finalmente, pela sinceridade, pela energia, pelo desejo de cinema que "Un Transport en commun" transpira: rodado com atores sem experiência de representação, canto ou dança, é um filme que faz valer a seu favor o "amadorismo" e o retorna ao seu significado original, de alguém que faz algo "por amor". Aqui, é o amor ao cinema que está presente em cada momento. (Jorge Mourinha)