Uma curta com sopro de longa. Louis Garrel não cita diretamente o pai, Philipe, mas rouba-lhe aqui e ali uma maneira de filmar. Filiações à parte, o que espanta nesta longa curta (44 minutos) é precisamente uma segurança de estilo. Isso e uma direção de atores capaz de iluminar uma Léa Seydoux que sidera. Garrel acredita nas suas personagens e na euforia do estado de paixão. Há mesmo uma imensa ternura na forma como celebra essa ideia de "romance francês". E tudo é feito com garra. Eles correm pelas ruas de Paris, os seus corpos parecem arder de desejo. A história deste jovem alfaiate não quer quebrar ou reinventar linguagens, apenas se ajusta num ideal de conto amoroso clássico. Curiosamente, em "Dois Amigos", a sua primeira longa, feita a seguir a esta curta, Louis foi para outros territórios, algures entre o burlesco vagabundo e a homenagem a André Téchiné. Louis Garrel, já se percebeu, é um cineasta da diversidade. (Rui Pedro Tendinha)