Os conceitos de manipulação das imagens associados à sua distorção e desintegração foram, desde muito cedo, desenvolvidos pelo cinema experimental e pelas vanguardas artísticas. No caso do cinema, os processos que conduzem a essa distorção são variados, desde a acção do tempo sobre a película até aos processos químicos ou físicos, passando pelos efeitos provocados pela montagem, sobreposição de imagens, ou outros. "Distortion" insere-se nessa genealogia do cinema experimental, mas utilizando neste caso o potencial estético da codificação digital para protecção contra a reprodução dos filmes: ao copiar as imagens em movimento codificadas, estas transfiguram-se em estranhos padrões e em formas distorcidas ou imperceptíveis. Para o efeito, Lydia Nsiah recorreu a compilações em DVD codificadas de filmes experimentais históricos (Duchamp, Léger, Len Lye), criando assim uma deformação em segunda mão. Para lá do resultado visual, Nsiah reflecte sobre o facto de, pela primeira vez na história do cinema, a distorção, raramente ou nunca assimilada pelo cinema mainstream, aparecer como um instrumento comercial (de protecção dos direitos autorais), e não como processo de criação artística. (MD)