Primeira obra de F.J. Ossang, realizada quando ainda frequentava a escola de cinema IDHEC, inspira-se no livro "Do Terrorismo e do Estado", do suíço de Gianfranco Sanguinetti, membro da internacional situacionista. O filme esboça já uma tendência punk na filmografia de Ossang, demonstrando um constante desafio das convenções tradicionais do cinema. O primeiro plano é sinal disso: um homem grita para a câmara, enquadrada de forma pouco convencional, alertando que estamos perante um filme-panfleto rodado em 16mm e a preto-e-branco. O filme continua a ditar ordens de comportamento dos indivíduos, mostrando como o poder pode ser uma forma de tirania. As imagens do filme são quase documentais, mostrando, por um lado, estradas onde os carros passam incessantemente, e, por outro, monumentos históricos. A duplicidade do filme convoca uma história trágica das ideias estado-nação e de uma espécie de apatia contemporânea, que é quebrada pelo discurso e pela música. Em suma, trata-se de um filme-ensaio, quase de citação política, em que Ossang estabelece as suas grandes inspirações teóricas e artísticas. (DR)