Emigrante no Canadá e sem poder regressar a Portugal, Bernardino, homem de poucas palavras, compra uma câmara de filmar super 8 para comunicar com a sua mãe através das gravações que realiza. Ao filmar compulsivamente todo o seu quotidiano (viagens, trabalho, estradas ou construções), como se dessa forma fosse possível afastar a perda de memória da progenitora, encontrará nesse processo um outro propósito para os seus registos: filmar para que ele próprio nunca mais se esqueça. Muitas bobines depois e sem nunca deixar de filmar, Bernardino volta ao seu arquivo, à sua vida filmada, num confronto, também, entre as expectativas do passado e o desencantamento do regresso. Luís Costa – presente no Curtas 2013 na competição Take One! com o documentário "Fontelonga" – apresenta-nos em "O Homem Eterno" um registo entre o documentário e a ficção, no qual, por filmagens, histórias e desabafos, um neto percorre com deslumbramento a vida do avô. (NM)