Imaginamos a lente do farol como ponto de partida para uma crítica à ótica, enquanto criação militar e colonial, como base da construção do conhecimento ocidental. A projeção de luz e os seus Iluminismos fundem-se com a violência dos sistemas e gestos imperiais – ato de descobrir, iluminar, alcançar, compreender, enquadrar, revelar e possuir. Num gesto em sentido contrário, esta investigação tenta encontrar linhas de voo em direção às sombras através da defesa de uma política da opacidade. A investigação de César e Henderson transita da fábrica de produção das lentes Fresnel para um museu de faróis e instrumentos de navegação, e do sistema de comércio triangular que se seguiu à chegada dos europeus ao "Novo Mundo" para a leitura sul-americana do potencial revolucionário da arte ótica. Alternando entre imagens de celulóide em 16mm, capturas digitais do ecrã do computador e polígonos 3D gerados por computador, este trabalho traça uma trajetória desde os métodos históricos de navegação ótica para novos algoritmos de localização, da projeção única para visões de satélite multi-perspetivais. Ao registar progressivamente estes avanços técnicos através dos materiais do filme e dos meios de produção, os artistas desenvovem aquilo que descrevem como "um cinema de afeto, um cinema de experiência – um Op-Film.