Quatro polícias, também atores, e o jogo (to play) performativo do exercício da autoridade. Num cenário montanhoso e desertificado de Los Angeles, quatro homens – que dividem a vida entre o "ser polícia" e o "representar o polícia" – ensaiam, tal qual num guião, as palavras de ordem: "Lay down on the ground!", "Don't move!", "Keep walking!". Repetem-nas, alteram o tom de voz, treinam os gestos de violência. Ali, fora da selvajaria urbana e fora da imagética de Hollywood (a fixidez dos planos, apenas há monólogos e não há música), sobressai a estranheza das ações, que por vezes chegam a tornar-se ridículas. A realizadora sueca, Tova Mozard, lança assim uma profunda reflexão em torno da disciplinarização (na vida como no cinema) na sociedade contemporânea e da internalização da ficção nas realidades quotidianas, através de uma caracterização simultânea e mordaz de dois sistemas norte-americanos: policial e cinematográfico. (AJM)