No novo filme de Rodrigo Areias, vemos um fotógrafo em crise criativa. O dia-a-dia é-lhe estranho e os seus movimentos são difíceis. Essa crise transparece para a sua relação com a companheira e modelo das suas fotografias. Parece não haver uma ligação como antes houvera e isso destaca a inevitável separação entre ambos. O que resta, portanto, deste amor — pela mulher, pela criação — que é tão importante? O filme resolve-se apenas pelo excesso, como se a dimensão carnal da paixão pudesse ajudar a um amor que já não existe. Areias é um dos nomes mais importantes do novíssimo cinema português, quer através da sua produtora Bando à Parte, quer através dos seus diversos filmes, muitos deles exibidos no Curtas, entre longas e curtas, vídeos musicais ou trabalhos experimentais. “Corrente”, filme de 2008, venceu mesmo os prémios da Competição Nacional e do Público. (DR)