O Vale Imperial, uma das mais importantes explorações da indústria agrícola da Califórnia, apresenta-se num primeiro momento como um extenso rio no meio de um deserto. Somos levados a sobrevoar os seus longos canais, cujas linhas paralelas de terra e vegetação, percorridas à distância e a grande velocidade, formam paisagens cada vez mais abstratas que acabam por arrastar-nos numa espiral interminável. O poder hipnótico destas imagens é intensificado pelo som eletrónico, repetitivo e perturbador. O ritmo visual e sonoro acentua a sensação de vertigem, com acelerações e abrandamentos que nos deixam momentaneamente suspensos, como numa montanha-russa. O artista austríaco Lukas Marxt, que estudou também Ciências Ambientais, convoca através deste filme questões relacionadas com a ecologia, o natural e o construído, o real e a ficção, e o modo como estes se fundem no tempo presente. Este é primeiro trabalho que apresenta no Curtas Vila do Conde. (RM)