Duas linhas paralelas aguardam a passagem de um comboio, cujo movimento não tardará em fazer-se sentir. As linhas agitam-se e multiplicam-se. A cor da imagem fixa é atravessada por um agitado preto e branco. Através da janela-ecrã, vê-se a paisagem transformar-se em fragmento, abstração, repetição e sobreposição, desaparição. A câmara embarca numa viagem frenética e estroboscópica, ao longo da qual a paisagem continuamente se dissolve e reaparece, como fantasmagoria visual e sonora. O cineasta austríaco Siegfried A. Fruhauf é autor de uma extensa e intensa obra, marcadamente experimental, que tem vindo a ser amplamente exibida no Curtas Vila do Conde. O seu trabalho, explorando o filme como memória e simultaneamente como matéria, foi ainda objeto de uma exposição, “Dissolution Film Portraits”, apresentada na Solar Galeria de Arte Cinemática, em colaboração com a artista holandesa Manon de Boer, em 2005. (RM)