Segundo a lenda, Santo André, chegado à Roménia, abriga-se numa gruta e batendo no chão com o seu cajado, aí faz brotar uma fonte em cuja água batiza os locais e cura os enfermos, convertendo assim a região ao Cristianismo. Numa zona rural da Roménia contemporânea, profundamente marcada pela religião, Safta interrompe a rotina do seu quotidiano e sai em busca da veterinária da aldeia, que poderá salvar a vaca da qual depende o sustento da família. Mas um encontro bizarro com uma criança que lhe surge no caminho força-a a confrontar-se com decisões do passado que nunca deixaram de a assombrar. É dia de Santo André, precisamente, e a criança pede água, reclamando batismo e redenção. Um cão negro de mau agouro evoca a morte. “Sete” (Sede) é um retrato desencantado, entre a ficção e a memória, de uma Roménia rural envolta em nevoeiro e superstição. O argumento, que marca de forma competente ambiente, tempo, espaço, ação e tensão, valeu a Vlad Ghinea o primeiro prémio do Script Contest, no seu país natal, e trouxe-lhe a possibilidade de realizar o filme que agora faz a sua estreia no Curtas Vila do Conde. (IR)