O cinema experimental preserva, com algum fetichismo, uma obsessão pela história do cinema, pelos seus processos arcaicos e momentos de rutura. Sessenta anos depois, “Another Movie”, de Morgan Fisher, é uma espécie de homenagem a “A Movie” (1958), o filme de Bruce Conner que é reconhecidamente um dos trabalhos mais marcantes da história do cinema experimental. Apropriando-se da mesma música do filme de Conner, “Pini di Roma” (1924) de Ottorino Respighi, Fisher dá primazia ao poema sinfónico, apresentando-a na sua totalidade, praticamente sem imagens, dando ao espectador apenas a descrição dos quatro movimentos que o próprio Respighi havia dado aos seus ouvintes. As únicas imagens que Fisher apresenta, um movimento da lua cheia, dizem apenas respeito às partes da música que Conner não utilizou no seu filme. Figura incontornável do movimento cinematográfico estruturalista e da arte minimalista, Fisher tornou-se o expoente máximo do “cinema da recusa”, uma prática fílmica que rejeita a artificialidade da montagem, da câmara e do som no cinema. (PC)