Segundo os dicionários urbanos, Sheila não é mais apenas um nome próprio, mas uma categoria que denomina jovens raparigas de aparência sexy. Por isso mesmo, o filme "Sheila" é uma espécie de testemunho geracional de uma juventude egocêntrica e fútil, que sobrevive apenas de e nas aparências, numa sociedade cada vez mais consumista e descartável. "Sheila" começa precisamente com imagens em registo selfie, de uma adolescente, de nome Priscila, no seu quarto a seduzir alguém em frente ao seu computador pessoal. As selfies voltarão a dominar a tela num ponto de viragem na narrativa, mediando um momento de momentânea e ilusória felicidade que mudará a vida de Priscila. Num registo entre o realista e o performático, "Sheila" é um filme que aborda as dores do crescimento, concretamente a transição da adolescência para a idade adulta, que criam ambiências sonoras e visuais muito singulares. Depois de "Marasmo", curta exibida na competição Take One!, a competição de filmes de escola do Curtas, Gonçalo Loureiro regressa ao festival, agora para figurar na Competição Nacional. (PC)