Uma adaptação de um conto de Mário Dionísio, e dedicado aos resistentes antifascistas, esta é, ao mesmo tempo, uma história de infelicidade que lembra tantas outras e uma evocação de uma luta e de um passado que não deve ser esquecido. Um homem chega a casa apenas para ouvir o momento da detenção da mulher, e encontra a sua casa vasculhada e remexida. Pouco tempo antes, nesse mesmo quarto, tinha estado com a sua companheira e outro homem a preparar panfletos e jornais clandestinos com informação revolucionária. Desamparado, percorre as ruas, suspenso entre tentar saber o que aconteceu à sua companheira e perceber que está provavelmente a ser perseguido. Este é um filme de sombras, de solidão, perante a escuridão do esquecimento e da repressão, sentimentos que são acentuados pela sua exemplar fotografia. Daniel Veloso estreia-se no Curtas Vila do Conde, depois de ter tido o seu filme “Damaia dj’acaba ma inda nu sta pa li” apresentado no DocLisboa em 2016. (JA)