Através de um hilariante monólogo de agradecimento a um pretenso prémio de carreira, contado ao estilo da comédia stand-up, Nicolas Chauvin, suposto oficial do exército de Napoleão e patriota fanático que terá dado origem ao termo chauvinismo (aqui interpretado de forma brilhante por Alexis Manetti), enfrenta o espectador com o seu radical orgulho francês, feitos militares e preconceitos de toda a espécie. O resultado é uma divertida sátira aos nacionalismos de direita do nosso tempo e a todas as suas derivações nos dois lados do Atlântico, desde as mais variadas teorias da conspiração às fake news (o realizador tem dupla nacionalidade, francesa e estadunidense), recordando-nos que os equivalentes contemporâneos de Chauvin se encontram entre as forças políticas que fazem o mundo recuar para tempos de um maior conservadorismo e autoritarismo. O discurso cinematográfico é heterogéneo e, como a personagem, brutal e indelicado, onde a comédia, por vezes a lembrar os Monty Python, se revela como o único caminho possível. Benjamin Crotty realizou já várias curtas-metragens (algumas em colaboração com o português Gabriel Abrantes) e a longa “Fort Buchanan”. Esta é a sua estreia no Curtas Vila do Conde. (MD)