Através de um olhar distinto e curioso sobre o papel da música em diferentes comunidades, a dupla Bárbara Wagner e Benjamin de Burca tem vindo a desenvolver uma obra que questiona a forma como essas populações são influenciadas nas suas vidas quotidianas pela integração da música como parte importante na definição de uma identidade. Primeiro, com “Estás Vendo Coisas”, que investigava de modo imaginativo o fenómeno da música brega no nordeste brasileiro, dando protagonismo aos autores deste género, dedicados a construir a sua própria imagem; depois, com “Terremoto Santo”, que retratava uma forma de devoção não só religiosa mas também musical, ambos exibidos nas edições anteriores do Curtas Vila do Conde. E agora com “R.I.S.E.” (abreviatura de Reaching Intelligent Souls Everywhere), o interesse dos realizadores desloca-se agora para Toronto e para o modo como uma comunidade recorre à música para imaginar uma vida diferente, que se aventuram a recriar. É a música como expressão artística mas também como forma de manifestação identitária e forma de empoderamento. É também uma cultura própria que é aqui celebrada a diferentes vozes, desde o tradicional ao contemporâneo, um legado e uma forma de esperança. (JA)