Em 2018, Barbara Hammer (1939-2019), conhecida artista e cineasta experimental com mais de 80 filmes realizados na sua longa carreira, ativista, feminista e pioneira do cinema lésbico, abordou Deborah Stratman para esta criar um novo filme a partir de imagens inéditas rodadas por Hammer durante uma viagem à Guatemala em 1975. Registadas durante uma guerra civil, as imagens mostram uma Guatemala rural onde forças de esquerda, apoiadas por indígenas Maias e agricultores pobres, desafiam as forças governamentais. Stratman – ela própria um nome relevante na tradição do documentário experimental (e um nome habitual no programa do Curtas Vila do Conde, onde venceu a competição experimental em 2003, com “In Order Not To Be Here”, e em 2014, com “Hacked Circuit”) – aceitou o desafio como uma oportunidade para tornar visíveis as imagens de Hammer e, ao mesmo tempo, refletir sobre o trabalho de duas figuras importantes na história do cinema, pois acrescentou uma evocação, através de sons e de textos, da artista e realizadora Maya Deren. O resultado é um encontro poético de três diferentes gerações de cineastas que, na sua prática artística, romperam com convenções e aventuraram-se por territórios desconhecidos. (MD)