Depois de um acidente fatal, Catherine dirige-se ao seu marido enlutado, tornando-se a narradora da cerimónia familiar que se seguiu ao seu próprio funeral, partilhando memórias da vida do casal enquanto revisita o trágico momento da sua morte. A precisão dos gestos e a teatralidade do ritual fúnebre suspendem temporariamente, com uma elegância silenciosa, a manifestação das emoções. Finalmente, ao mesmo tempo vazia e cheia de Catherine, a mansão do casal torna-se a principal testemunha do sofrimento de Philip. Perspetivas dramáticas das arquiteturas e das paisagens, jogos de luz e sombra, a contenção sofisticada da cor e uma geometria irrepreensível criam a estética Art Déco que marca o ambiente e a identidade do filme, evocando a Hollywood dos anos 30 e 40. “Le Cortége” é a primeira incursão no cinema do universo visual do ilustrador Pascal Blanchet – conhecido pelos seus romances gráficos e colaborações com Wes Anderson – em associação com o realizador Rodolphe Saint-Gelais e com Pierre Lapointe, que assina a música. (IR)