Os ícones do mundo moderno voltam a ser aproveitados por Ludovic Houplain para um comentário corrosivo sobre o mundo contemporâneo, como já sucedia em “Logorama”, onde a recriação de uma cidade através de logotipos e com as personagens a encarnar marcas comerciais transformadas em habitantes, lhe valeu o Prémio do Público do Curtas em 2009 e o Oscar na categoria de curta de animação em 2010. Neste “My Generation”, animação em tons pop para um clip do músico Mirwais, um travelling em marcha atrás, visto a partir de um automóvel numa auto-estrada sem fim, leva-nos numa viagem a diversas formas atuais de alienação da civilização, sob a configuração de parques temáticos. Arte contemporânea, desporto, religião, sexo, política, finanças, e os seus ícones (Duchamp, Warhol, Jeff Koons, Mickey Mouse, a Bíblia e o Corão, o touro de Wall Street, a Internet, Cristiano Ronaldo, Donald Trump e centenas de outros), desfilam num fluxo constante e desmesurado de informação. Embora o filme consiga um distanciamento em que os julgamentos morais se encontram ausentes, não deixa de mostrar uma visão apocalíptica do mundo atual e constituir um manual de insurreição para esta geração e para as vindouras. (MD)