Dizem-nos as regras básicas que não devemos olhar diretamente para o sol, sob o perigo de danificar a visão, mas isso é precisamente o que a câmara faz no início deste filme ao apontar para a estrela. Segue-se uma exploração de vários fenómenos ópticos, naturais e antigos, que ocorrem na natureza, quer sejam comuns, como as sombras ou o reflexo da luz na água, quer sejam mais raros, como um eclipse solar ou algo como o espectro Brocken (quando a sombra do observador é projetada de forma a ganhar uma dimensão enorme, por exemplo em nuvens ou montanhas). São projeções naturais, ao mesmo tempo pré e pós humanas, independentes da atividade e cultura humanas. Caracterizadas por uma existência esquiva e fugaz, estas ilusões e distorções são aqui capturadas como pequenos milagres a venerar, numa reflexão sobre a presença e a ausência. Esta é a estreia no Curtas da dupla de realizadores alemães Florian Fischer e Johannes Krell, com o filme que foi galardoado em 2019 com o Urso de Ouro para curtas-metragens no Festival de Berlim. (JA)