Em outubro de 2003, Portugal fazia a manchete da revista Time. O assunto era surpreendente: as “mães de Bragança” exigiam, em manifesto, que se pusesse mão à onda de casas de alterne e prostitutas brasileiras que “faziam a cabeça” dos seus maridos. A celeuma foi grande e a polícia chegou a fechar várias dessas casas e a deportar diversas pessoas. Foi um assunto escaldante da sociedade portuguesa durante algumas semanas. Dezasseis anos depois, a história chega ficcionada à televisão, na série “Luz Vermelha”, realizada por André Santos e Marco Leão. No Curtas 2019, são exibidos os dois primeiros episódios, numa antestreia que dá destaque ao formato série no nosso panorama audiovisual. É também a estreia da dupla André Santos e Marco Leão fora das curtas-metragens, nas quais têm uma longa e premiada carreira, que já passou pelo festival com “Cavalos Selvagens”, “Infinito”, “Má Raça” e “Pedro”. No registo da série, mais próximo do formato televisivo, a dupla continua a mostrar a sua versatilidade, dando um cunho pessoal a este “Luz Vermelha”, dando destaque à complexidade das suas personagens, às suas contradições e às vidas possíveis que levam – sejam elas jornalistas, políticas, “mães”, ou prostitutas. (DR)