Uma misteriosa personagem feminina percorre um bosque até se deparar com um local que parece-lhe familiar. De repente, começa a escavar e encontra um corpo, que regressa assim surpreendentemente à vida. Os dois são afinal amantes há mais de duzentos anos, e conseguem ouvir os pensamentos um do outro. Ele, ainda atordoado, demora a recordar-se de quem é, do que é, e acima de tudo, demora a lembrar-se de quem ela é, do seu passado em comum. Este é um mistério que o filme vai desvendar lentamente, estabelecendo paralelos entre diferentes tempos e sentimentos díspares. Um olhar original que é também uma reflexão sobre a intemporalidade do amor e a interdependência, sobre a passagem do tempo, sobre a sobrevivência própria, mas também sobre a memória. Depois de ter apresentado na Competição Nacional “Luminita” em 2014, pelo qual recebeu o Prémio do Público, e “Yulya” em 2015, este filme marca o regresso de André Marques ao Curtas. (JA)