Ao passar pela caixa do pequeno supermercado em que trabalha Camille, a sua paixão de verão, Max tem uma epifania: perdeu o interesse por ela. Mas não sabe como lhe dizer, sem a magoar. Ensaia o discurso. Precisa de se focar em si próprio e não se comprometer com ninguém, por uns tempos. É irrelevante que esta seja uma relação estritamente unilateral, imaginada, em que nunca existiu qualquer contato. O enamoramento e o desamor são verdadeiros. Numa desconversa de lugares comuns e incomuns, Max partilha estas angústias com o seu melhor amigo Flo, igualmente inábil nos assuntos do coração, e que vive a sua própria relação platónica. Em movimento contínuo pelas ruas de Paris, Paul Nouhet, na pele de Max, constrói um universo de encontros tangenciais e dos pequenos absurdos e singularidades da existência banal. O resultado é uma comédia melancólica, feita de momentos de um humor discreto, que passam quase antes de os termos registado, que marca a estreia do realizador e ator francês no Curtas. (IR)