Uma série de planos aproximados detêm-se em pormenores coloridos, para revelar, ao afastar-se gradualmente, que se tratam de detalhes de objetos variados do quotidiano, e mais tarde ainda que são objetos abandonados, isto é, sem a presença de nenhum humano por perto. “Empty Places” desvenda lentamente, de forma inteligente e criativa, como um truque de magia, um mundo deserto de pessoas. O mundo está agora habitado por vários objetos – uma bola de espelhos, um “robot” de limpeza de uma piscina, uma lata de conserva ou uma máquina que atira bolas de ténis ininterruptamente – que foram deixados à sua sorte, livres do propósito que antes tinham. Uma sonata de Beethoven acompanha as imagens, criando uma tristeza e nostalgia pelo vazio deixado pelos humanos, nesta imaginação do que será o mundo depois de desaparecermos. Porém, é possível que nessa ausência estes objetos esquecidos ganhem uma nova autonomia, e a vida continue, pelo menos enquanto a música continuar a tocar. Esta é a estreia de Geoffroy De Crécy no Curtas. (JA)