A nova obra de Lúcia Prancha, que já esteve presente no Curtas em 2017 (Competição Nacional, com “Sebastião, o Fantasma”) e em 2018 (na Solar, com três obras integradas na exposição coletiva “Terra”), foi concebida originalmente como uma instalação para a Casa do Sol, antiga residência de Hilda Hilst em Campinas, no Brasil, e pretende explorar artisticamente o legado dessa escritora brasileira geralmente referida como “o Marquês de Sade do Brasil”. Falecida em 2004, Hilst desenvolveu uma obra escrita que se destaca pelo uso do misticismo e erotismo na afirmação da liberdade sexual feminina. “Casa do Sol” inclui imagens em torno da casa, com os seus jardins, a sua luz, as texturas e os sons. A visita, num hipnótico movimento circular que termina num movimento vertical ascendente, começa com imagens de Hilst em várias fotos (tiradas por Fernando de Lemos, entretanto preservadas no espólio documental da casa) e com leituras de excertos da sua obra, pela voz da poeta brasileira Júlia de Carvalho Hansen, que pretendem potenciar a reflexão sobre as questões da sexualidade e do colonial, através da militância política e poética da obra da escritora brasileira. (PC)