Num reino maravilhoso, onde o Diabo supostamente não existe, uma criança vagueia por uma aldeia granítica. Quando chega a casa só encontra a morte e o silêncio dos adultos, apenas atenuados pelo calor e pela voz do fogo. Sente-se só, mas só chora quando vagueia sozinho. As ambiências sonoras e visuais são fundamentais para criar o mundo telúrico, fantasmagórico e misterioso desenvolvido a partir da obra homónima do escritor valter hugo mãe, criando uma atmosfera tensa que, gradualmente, se vai serenando. Ao descontextualizar a narrativa do livro das referências católicas e conservadoras da miserabilista ditadura salazarista, o filme permite ao espectador aproximar-se do mundo do protagonista e deixar-se seduzir pelo mistério encantatório das imagens e sons desse reino imaginado. “O Nosso Reino” marca o regresso de Luís Costa ao Curtas, onde já apresentou “O Homem Eterno” (2017, Competição Nacional), “Fontelonga" (2013, Take One!) e o vídeo musical em Super8 “Bearbug” (2017, corealizado com Miguel da Santa). (PC)