Numa televisão, assistimos a imagens do casamento entre o príncipe Harry e Meghan Markle. Pouco tempo depois, a pergunta vira-se para a própria realizadora: quando é que encontra um namorado? Quatro anos depois de “António, Lindo António”, no qual Ana Maria Gomes procurava saber junto da família as razões pelas quais um tio, que tinha partido para o Brasil, nunca mais tinha regressado à sua aldeia, a realizadora volta a filmar a aldeia da família, Bustarenga, em São Pedro do Sul, desta vez com o propósito de registar os conselhos que todos insistem em oferecer-lhe quando descobrem que ainda é solteira. Depoimentos de diferentes mulheres – da avó, de tias – partilham histórias pessoais e tentam fazê-la perceber que o tempo não espera, revelando a pressão social e as ideias conservadoras, ligadas à religião, que ainda dominam a aldeia – mas há tempo para opiniões divergentes, num retrato sincero e divertido. O filme regista ainda alguns dos possíveis pretendentes, num registo mais leve. O que parecia ser um documentário apenas sobre as ideias das pessoas retratadas acrescenta ainda um outro interesse, quando a câmara captura as dúvidas da própria realizadora, perante a insistência dos outros para que encontre o seu “príncipe encantado”. (JA)