Os artistas Mariana Caló e Francisco Queimadela tem criado um universo sensível e caloroso entre o humano e a natureza, em filmes que exploram essa tensão milenar, como “A Trama e o Círculo” (2014) ou “Sombra Luminosa” (2018). É esse o registo de “A Dança dos Ciprestes”, uma espécie de etnografia sofisticada, que tanto remete, a um tempo, para o universo de António Reis e Margarida Cordeiro, como cresce dentro do plano do cinema experimental, onde imagem e som estão em constante tensão, e onde se sente a iminente fusão entre corpos (humanos, animais) e a natureza vegetal. Ao mesmo tempo, textos de Paul Valéry e Georges Bataille, assim como os desenhos de Mariana Barrote, formam uma teia à volta do desejo e dos corpos, numa interpretação sensível daquilo que nos faz humanos. Mariana Caló e Francisco Queimadela têm uma relação próxima com o Curtas Vila do Conde, incluindo uma exposição individual na Solar, “Rudimental”, que ocupou a galeria no final de 2019. (DR)