Em “Water Work” (1987), Tony Hill leva-nos para o outro lado do espelho, abrindo o filme com um ponto de vista subaquático que transforma o que supomos ser uma aresta rígida de piscina em algo tão arredondado quanto a forma circular da fonte de Cornell. Aqui é a representação linear do espaço que é posta em causa. O próprio corpo do nadador, quando cortado pelo nível da água, contradiz a sensação de leveza que experimentamos dentro de uma piscina, já que a parte submersa do seu corpo parece visualmente mais volumosa do que a parte que se encontra fora de água. Esta leveza subaquática do corpo remete para o espaço do incorpóreo, quando privados da fala e capazes de girar livremente, parecemos ou astronautas ou almas penadas. Diogo Costa Amarante (adaptado)