Jan Evangelista Purkyně foi um fisiologista checo que, em meados do séc. XIX, conduziu uma série de estudos sobre luz e cor que chegaram à conclusão que a percepção humana das cores depende do grau de iluminação. Dois séculos passados, Helena Gouveia Monteiro estuda, através da criação artística, os diferentes reconhecimentos visuais e culturais gerados nos humanos pelas diversas percepções da linguagem e das experiências audiovisuais. Em “Purkyně’s Dusk”, obra com que se estreia no Curtas, a artista capta imagens da película Super 8 a cores e a preto-e-branco de um jardim no final de uma tarde de verão. Esse anoitecer, com o contraste das figuras mais esbatido, foi posteriormente manipulado, na montagem, recorrendo à de-saturação digital e a processos fotoquímicos mais tradicionais na fotografia. Helena Gouveia Monteiro cria uma experiência eminentemente visual, a fazer lembrar os famosos “Shirley Card” da Kodak, e exponenciada pela ausência de som, que desafia o espectador a questionar a sua própria percepção. (PC)