Nesta revisitação do filme analógico, de que se tem servido nas suas manipulações visuais, Pedro Maia recorre também ao “found footage” para nos lançar às imagens em chamas. Formas e figuras dissolvendo-se na película para nos dar a ver uma outra coisa: a matéria em decomposição – a do cinema, como a dos corpos. Seres e imagens que se atropelam na tentativa de escapar ou de parar o tempo que corre, incendiando todas as coisas à sua passagem. “Berlin Fire” lembra-nos que as memórias são frágeis, tal como o suporte que as projeta e mantém em movimento. Interrompendo a escuridão, as labaredas propagam-se devorando os edifícios, para a partir deles se lançarem numa exploração hipnótica que se aproxima da materialidade da pintura. Camadas de cor que se misturam; quentes, ainda vivas; sabendo-se que em breve serão extintas. Num percurso muito próximo (e parte) do Curtas Vila do Conde, Pedro Maia tem vindo a apresentar o seu trabalho neste festival desde 2007, no qual se incluem vídeos musicais, filmes-concerto e também uma exposição na Solar. (RaM)