Para ilustrar visualmente a componente de experimentação e improvisação da banda Chão Maior, ambicioso projeto do músico Yaw Tembe, Igor Dimitri recupera algumas ideias e conceitos da tradição histórica do cinema de vanguarda e experimental. Por um lado, uma pesquisa da materialidade da película cinematográfica e das suas qualidades expressivas, como o grão da imagem, os riscos ou as sujidades da emulsão. Por outro, uma exploração das potencialidades abstratas do cinema a partir de um trabalho de câmara que dissolve as formas em luz e movimento. O resultado, vibrante e sensorial, une criação musical e cinematográfica na exploração dos seus limites e das suas infinitas possibilidades. A colaboração de Igor Dimitri com os Chão Maior estende-se à componente visual dos concertos ao vivo da banda, como o que o Curtas Vila do Conde programa na sua presente edição. Um regresso do realizador que se estreou no Curtas em 2020, com a apresentação de “Salsa” na competição nacional. (MD)