"Morada Aberta" afirma-se como uma criação interdisciplinar que se desenvolve em múltiplas linguagens e territórios, recorrendo a projeções em vídeo digital e suportes analógicos, como Super 8mm e 16mm. A obra articula elementos documentais e ficcionais, a partir de uma perspetiva autobiográfica da artista, acompanhando o quotidiano de mulheres do Norte, Baixo e Alto Minho, historicamente associadas às figuras de bruxas e curandeiras.

Esta criação constitui uma reflexão aprofundada sobre a noção de doença e cura no contexto místico-religioso, abordando as práticas e saberes ancestrais que persistem à margem da medicina convencional. A obra propõe-se compreender as razões que levam as comunidades a recorrer a estas formas alternativas de cuidado, evidenciando as ligações entre identidade, território e espiritualidade.

Integrado num programa que se destaca pela experimentação formal e pelo cruzamento entre cinema e outras disciplinas artísticas, "Morada Aberta" reforça o compromisso do Curtas Vila do Conde com a promoção de linguagens cinematográficas expandidas e inovadoras.